Trauma emocional

Por Celso Paulo Martins

Experiências traumáticas, em geral, trazem desorganização, desorientação, medo, desamparo, isolamento, entorpecimento e/ou desconfiança. Mesmo que cada indivíduo responda ao evento estressor de maneira diferente, algo permanece claro: se recuperar sozinho pode levar muito tempo, e talvez nem seja possível. Porém, o tratamento adequado pode ajudar por possibilitar se curar, recuperar a vitalidade e seguir adiante.

Mas afinal, o que é e como surge um trauma? Trata-se de uma reação natural do organismo a algo anormal, intenso e inesperado, que provoca estresse além de sua capacidade natural de adaptação. Assim, há uma mobilização de alta carga de energia no sistema nervoso autônomo que ativam as respostas de defesa que, caso se mostrem infrutíferas, causam desestruturações físicas e psicológicas (também conhecidas como reações de luta, fuga e congelamento).

É típico em quem vive um trauma a evitação de tudo o que se assemelhe ou possa fazê-lo revivenciar um sofrimento sentido. Enquanto se imagina que apenas eventos violentos ou com risco de vida sejam provocadores do trauma, na prática, qualquer situação ou experiência que faça com que se sinta sobrecarregado ou inseguro tem potencial traumático. Isso é particularmente verdadeiro nas ocasiões em que um sujeito se sente impotente para fugir ou se defender. Nesses casos, abala-se a percepção do mundo como um lugar seguro, levando-o a sentir-se vulnerável e em permanente estado de alerta e ansiedade.

Seja por um evento único (como um acidente de carro, assalto, sequestro, estupro, uma catástrofe natural, cirurgia e/ou perda de relacionamento/patrimônio), seja por um estressor constante (como a convivência desde a infância com familiares negligentes e/ou violentos, estar preso a relacionamentos abusivos, ocupações onde se sinta pressionado, doença debilitante), o trauma está em quem o sente. O que importa é a experiência do evento e a reação a ela. Seja qual for, é uma reação normal a essas circunstâncias e, portanto, não há lugar para se culpar. E, se houver um histórico de experiências traumáticas ou eventos estressantes, haverá um aumento da vulnerabilidade do sujeito a novos episódios, pois sobrecargas não tratadas tendem a ser cumulativas.

Dentre os sintomas dos traumas emocionais estão: a dificuldade em manter o foco; sentir-se zangado(a), irritado(a), triste, tenso(a), desesperançoso(a), culpado(a), temeroso(a) ou desconectado da sua realidade; preferir isolar-se ou evitar o contato social; se assustar facilmente ou se sentir constantemente ‘no limite’; experienciar insônia, pesadelos, terrores noturnos ou fadiga constante; sentir dores inexplicáveis ou taquicardia; não sentir segurança em lugar algum, nem mesmo na própria moradia; precisar esforçar-se muito para desenvolver e manter relacionamentos saudáveis; fugir irracionalmente de situações semelhantes ao evento estressor; drogadição, vícios e compulsões para anestesiar a realidade.

Caso não consiga se recuperar de eventos assim, tenha coragem: um trauma pode ser efetivamente tratado e curado. É possível reabilitá-lo(a) com rapidez e eficácia, reaver sua segurança, suas habilidades perdidas, e até as melhorar com a abordagem adequada.

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