Olhe para dentro, mude para fora

Por Ana Paula Purcino Pellenz

Você já vivenciou um ciclo de dores em sua vida? Ou caiu de bicicleta? Falar sobre esse assunto é muito profundo, mas quem jamais sentiu algum tipo de dor? As dores fazem parte do desenvolvimento humano, e existem as físicas e as emocionais. Algumas pessoas vivenciaram traumas com a dor da rejeição, do abandono e do desamparo, especialmente durante a pandemia de COVID-19, com um aumento da dor coletiva da perda, seja de alguém próximo e querido, seja de emprego e bens materiais.

Na arte do viver, adquirimos marcas positivas e negativas em nossa história das quais podemos denominar de traumas. Porém, meu objetivo é auxiliar a olhar para dentro de si, pois somos dotados da capacidade de estimular nossa neuroplasticidade cerebral e aprender novos hábitos. Grandes estudiosos da neurociência comprovam que nosso cérebro pode, sim, se desenvolver. Mas, para isso acontecer, precisamos primeiramente liberar o que é tóxico. Talvez sua pergunta seja: ‘como assim, Ana?’ e, para ajudar sua compreensão, quero sugerir uma atividade.

Perceba o fluir da vida que existe dentro de si: observe a sua respiração e busque compreender sua origem nas entranhas do seu ser. Na sua corrente sanguínea, corre a vida e existe o ritmo da vida a cada batida do coração. Dentro de cada ser humano, a cada manhã, há a possibilidade de aprender novos hábitos, uma nova de pensar e agir. Sendo assim, pegue uma folha de sulfite ou caderno. Toque, sinta sua espessura e movimente de um lado para o outro a folha e ouça o som durante o movimento. Então, pense nas dores que vivenciou neste período em que a humanidade foi abatida pela COVID-19. Amasse bem a folha, abra-a de volta, movimente-a de um lado para o outro, ouça seus sons, e expresse através da escrita em outra folha de papel tudo aquilo que você sentir nesse momento.

Através dessa analogia, podemos visualizar cada vivência de dor, trauma e desconforto marcadas profundamente em nossas vidas, além do aumento de autocobrança, culpa, irritabilidade, ansiedade, sintomas depressivos entre outros transtornos. Olhar para dentro é se permitir resgatar a si, porque as dores fazem com que apresentemos crenças limitantes e nos esqueçamos de nós. Há ainda quem perda a confiança em si e nos outros, não saiba expressar seus sentimentos e acabe ‘engolindo sapos’. Mas seu corpo sente todos esses impactos, resultando também na perda de produtividade e dificuldade de relacionamento.

Esse movimento de prestar mais atenção em si é uma reaprendizagem de autocuidado, se reabastecendo com ‘vitaminas’ que fortalecerão sua autoestima e autoconfiança, praticando maior amor-próprio e bondade consigo mesmo, aprendendo a dizer não, sendo mais corajoso(a), por exemplo. São ações que estimulam um processo de liberação de resíduos tóxicos que danificaram sua forma de se ver para um novo desenvolvimento de crenças de capacidade, atitudes de acolhimento e novos hábitos.

Como falei no início deste texto, cada ser humano pode aprender coisas novas, o que é uma das atitudes que auxiliará seu organismo a reaprender a autorregulação. Porém, isso exige treino e coragem para desenvolver o acolhimento da dor. Vale ressaltar que é possível desenvolver novos aprendizados: você pode reconectar com novas vivências, o desenvolvimento do amor, paz interior e atenção plena, e desfrutar principalmente de boas dádivas e formas de enfrentar os problemas com assertividade. Todas as mudanças dependem do seu posicionamento e sua atitude poderá modificar sua história. No entanto, sua escolha por ressignificar sua vida é exclusivamente sua. Pense nisso e prossiga ao novo!

Subir
Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?