Por Daisy Augusto de Queiroz
O Mindfulness (ou atenção plena) é uma prática que tem ganhado destaque no campo da saúde mental, especialmente no tratamento de ansiedade em pessoas traumatizadas. Envolve focar a mente no presente de maneira intencional e sem julgamentos, permitindo que o indivíduo se torne mais consciente de seus pensamentos, sentimentos e sensações corporais.
Pesquisas indicam que a técnica pode ser particularmente eficaz para pessoas que sofrem de ansiedade relacionada a traumas. Isso ocorre porque o trauma frequentemente mantém o indivíduo preso no passado ou preocupado com o futuro, exacerbando a ansiedade, e a prática ajuda a quebrar esse ciclo, ancorando a pessoa no momento presente.
Jon Kabat-Zinn, pioneiro na introdução do Mindfulness, desenvolveu o programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness (MBSR), que tem mostrado benefícios significativos no aumento do bem-estar geral. Segundo o autor (2017), a prática regular permite que as pessoas desenvolvam uma maior resiliência emocional, essencial para quem carrega consigo o peso de experiências traumáticas.
Além disso, também pode complementar outras abordagens terapêuticas, como a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), Experiência Somática e outras abordagens que tenham como foco o trauma. A TCC, por exemplo, trabalha na reestruturação de pensamentos disfuncionais; a Experiência Somática foca na liberação de tensões físicas; e o Mindfulness proporciona uma base de autoconsciência que facilita esses processos. Kabat-Zinn (2017) argumenta que a atenção plena fortalece a capacidade de observar sem reagir impulsivamente, o que é crucial para a recuperação de traumas.
Estudos também revelam que a prática regular pode diminuir a ativação do sistema nervoso simpático, responsável pela resposta de luta ou fuga, frequentemente hiperativa em pessoas traumatizadas. Ao cultivar uma resposta de relaxamento, a atenção plena ajuda a regular as emoções. Por isso, não é apenas uma técnica, mas uma forma de vida que promove uma maior aceitação e compaixão por si mesmo e pelos outros.
Assim, os indivíduos podem começar a se libertar de laços que ligam ao trauma, como a vergonha e o autojulgamento do trauma, e viver de maneira mais plena e equilibrada.
REFERÊNCIAS:
BECK, A. T. Terapia cognitiva e os transtornos da personalidade. Porto Alegre: Artmed, 1997.
KABAT-ZINN, J. Atenção plena: mindfulness. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
LEVINE, P. A. O despertar do tigre: curando o trauma. São Paulo: Summus Editorial, 1997.
