Conhecendo os quatro ‘R’ da vida

Por Lisielen Miranda Goulart e Luana Miranda Goulart

Quando trabalhamos com seres humanos, principalmente na área de terapias e assistência, é primordial que tenhamos em mente a singularidade do ser, pois só a partir dessa percepção é que podemos ter êxito na trajetória. Cada pessoa, momento e sentimento são únicos, assim como as reações, percepções e os impactos gerados em cada situação vivenciada. Precisamos respeitar, uma vez que somente quem poderá identificar e mensurar o tamanho do trauma é quem o vivenciou e sintetizou, cabendo ao terapeuta facilitar este processo de reconhecimento e de autorresponsabilidade. 

Nesse sentido, apresentamos a seguir uma linha de atuação que tem em vista despertar o autoconhecimento e o autodesenvolvimento dos pacientes trazendo a discussão sobre o conceito dos quatro Rs da vida (rotina, ritmo, ritual e reavaliação), que impactam diretamente nessa percepção e na forma como conduzirá sua jornada. 

Quando falamos em rotina não nos referimos a processos repetitivos e metódicos com os quais não conseguimos nos enquadrar, mas de organização e planejamento daquilo que queremos desenvolver e precisamos fazer acontecer. Faz parte do instinto de sobrevivência dos seres humanos, uma vez que traz segurança, permite que saibamos o que acontecerá no nosso dia e nos prepara melhor para minimizar os imprevistos. Essa rotina precisa fazer sentido para o sujeito, por isso ele deve ser o principal ator dessa definição. 

Diferente da rotina, que conseguimos escolher, o ritmo é um processo natural nos seres humanos. É isso que permite ao nosso corpo dar sinais de cansaço, alegria, ansiedade e serenidade frente aos acontecimentos cotidianos. Assim como não temos controle sobre o dia e a noite, também não controlamos nem temos facilidade em controlar o ritmo do nosso organismo. Portanto, é imprescindível que tenhamos respeito e busquemos conectar e adaptar a cadência das nossas ações às necessidades dos nossos organismos e rotinas.

Os rituais são fundamentais para manter a saúde do ser humano, pois cada ação cotidiana compõe ritmadamente nossa rotina. Existem diversos tipos de rituais e o que faz sentido para um pode não fazer para outro. Este é um processo subjetivo, cada pessoa precisa definir quais rituais fazem mais sentido para si e seu momento de vida. Podemos ter rituais que duram uma vida toda, assim como podemos desenvolver outros para momentos específicos, sendo o caso dos traumas, onde podemos desenvolver uma ressignificação criando novas sinapses e crenças perante as situações enfrentadas.

Como dito anteriormente, esse processo de autoconhecimento e autodesenvolvimento é bastante individual e depende de um monitoramento frequente, pois só assim é possível recalcular as necessidades e se readaptar às situações que estão causando algum desconforto. E esse círculo virtuoso que envolve os quatro Rs, além do trabalho com traumas momentâneos, trata-se de um processo de desenvolvimento para identificar seus sentimentos, emoções e reações causadas para antecipar e/ou minimizar possíveis impactos perante os desafios da vida.

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