Uma arma poderosa

Por Lisielen Miranda Goulart e Luana Miranda Goulart

 

Todos carregamos uma poderosa arma: nossa língua. Ela pode ser mortal ou salvadora, quiçá sempre a última. É certo que é apenas o veículo das nossas crenças e pensamentos, mas também é a partir dela que nossas convicções deixam o mundo das ideias para nunca mais voltar. Você certamente já ouviu a expressão ‘a palavra dita nunca será apagada’, muito real e profunda para além do explícito. Isso significa que quem falou algo, expôs aquilo que pensa ou acredita, talvez esqueça, mas quem os ouviu poderá nunca esquecer.

Palavras criam feridas tão profundas e dolorosas quanto um trauma físico. Se aquele que escuta não está bem emocionalmente ou não tem a capacidade de argumentar e contra-atacar os pensamentos gerados a partir de uma fala mal colocada, poderá adoecer ou tornar aquilo como verdade absoluta, trazendo sofrimento, crenças limitantes, ansiedade, depressão e até mesmo pensamentos suicidas. Mas o oposto também é verdadeiro, e, quando a comunicação é utilizada com empatia, respeito e motivação, pode auxiliar alguém a se curar, ser uma pessoa melhor e multiplicar a compaixão.

Muitos chamam isso de toxicidade por ser prejudicial, contagioso e ter consequências, uma vez que as pessoas tóxicas estão em todos os lugares e nos mais diferentes graus de relacionamento. Normalmente não temos problemas para lidar com aqueles que não são próximos a nós; quando ouvimos algo desagradável, logo nos posicionamos: ‘como assim? Quem é ele(a) para falar algo sobre mim ou minha vida?’ No entanto, essa toxicidade pode vir (como costuma ocorrer) de onde menos esperamos, daqueles que nos são próximos, queridos, por vezes dentro de nossos lares, e é aí que reside o maior problema. Cremos que, se ele(a) está dizendo, é porque deve ser verdade.

‘Nossa! Como você está gorda/magra!’

‘Você não é bom o suficiente para esse emprego.’

‘Que dó! Ficou cheia de marcas da gravidez…’

‘Não quer ter filhos? Você está louca?!’

‘Três filhos?! Que coragem!’

Mesmo sendo apenas alguns exemplos, as falas anteriores demonstram que aquilo que pode aparentar irrelevantes, na verdade, tem muita importância. Talvez essa mulher nunca mais torne a usar biquíni ou não consiga se olhar no espelho sem que a frase ressoe em seus pensamentos, alguém pode perder a oportunidade de ser feliz em um emprego, ou famílias sejam criadas e destruídas por tentarem seguir um padrão imposto pela sociedade.

Quando legitimamos a ideia que podemos ou devemos opinar sobre as escolhas alheias, sobre outras vidas que não as nossas? 

Que neste novo ano que já se iniciou possamos não ser nem nos tornar essas pessoas, tampouco as aceitar em nosso convívio social em detrimento da nossa saúde mental. Estejamos alerta, pois cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é. Se não for para edificar, motivar ou agregar, não fale; da mesma forma se não foi solicitado. Sejamos empáticos, respeitosos e atóxicos.

E, caso você não seja o que disseram ou até mesmo espalharam por aí, não absorva; por mais difícil que seja, apenas se afaste, seja gentil consigo mesmo e acredite em você. Se precisar, peça ajuda e procure ressignificar suas crenças, pois talvez não sejam tão suas quanto você pensa… O autoconhecimento e a autocompaixão curam a você e aos que te rodeiam.

Subir
Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?