Síndrome do Impostor: será que sou uma fraude?

Por Fabiana Carvalho

Não é incomum sermos elogiados por nossos esforços e conquistas em alguma área da vida. Porém, muitas pessoas não se sentem merecedoras mesmo sendo totalmente dignas de crédito nas suas realizações. Isso ocorre em decorrência da síndrome do impostor, também chamada de pessimismo defensivo, uma desordem psicológica que, apesar de não ser classificada como doença mental, é igualmente bastante estudada. Ela afeta a percepção sobre suas conquistas pessoais, fazendo com que um indivíduo não consiga reconhecer seus méritos como resultados da sua dedicação e boa vontade. E, assim, acredita que seu bom resultado foi sorte, apoio divino ou graças a terceiros.

O termo foi introduzido em 1978 por duas psicólogas, chamadas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, através de experiências vivenciadas com outras mulheres em seus respectivos consultórios. Apesar de conquistarem feitos notáveis em suas carreiras e terem alcançado o sucesso, elas atribuíam esse fato ao acaso, à sorte, à simpatia, ao esforço excessivo, e desconsideravam os reais aspectos das suas conquistas, como a inteligência, competência, habilidade e talento.  

Porém, essa condição também pode afetar homens. Em geral, os indivíduos desenvolvem uma percepção fraudulenta dos seus méritos, frequentemente  exaltando suas próprias deficiências temendo não alcançar o sucesso novamente. Os sintomas manifestados costumam ser os mesmos que os encontrados em outros transtornos, como a depressão, ansiedade e a baixa autoestima. Por isso, não é uma coincidência serem constantemente tomados pelo sentimento de inadequação apesar dos elogios recebidos, pois o reconhecimento externo é recebido com estranheza e culpa.

Identificar a síndrome do impostor é bastante simples. Em geral, estão presentes em indivíduos que se esforçam grandemente, continuamente obcecados com o trabalho de modo a obter resultados que justifiquem suas conquistas. Ainda que seja desgastante e exaustivo, essas sensações servem para não restar dúvidas quanto à sua capacidade. Além disso, quem sofre desse problema frequentemente sente que o fracasso não pode ser evitado. E, graças à sua ansiedade, mina suas próprias chances de sucesso de modo a colaborar para que esse medo se torne realidade.

Essas pessoas frequentemente não apenas condenam suas próprias falhas como também se cobram excessivamente, buscando agradar a todos que puder. É bastante comum vê-los deixar seus compromissos, tarefas e responsabilidades para depois, pois seu perfeccionismo e medo de ser criticado estão aquém do esperado.

Sobre perfeccionismo, costumam ser demasiadamente exigentes consigo mesmos e comparam-se aos outros crendo serem inferiores ou sabendo serem menos que eles, podendo até mesmo haver a sensação de nunca ser bom(a) o suficiente quando comparados(as) aos demais, gerando forte angústia, tristeza, frustração e insatisfação.

Para compensar o que acreditam não ter e procurar alcançar aprovação externa, costumam adotar atitudes como tentar causar boas impressões e agradar a todos, podendo até se sujeitar a situações humilhantes. E, além desse exemplo se tratar de uma delas, também costumam vivenciar outros eventos de grande estresse e ansiedade por acreditarem serem facilmente substituídas ou desmascaradas por pessoas mais capacitadas que a qualquer momento. Essa é outra razão pela qual é comum desenvolverem sintomas de ansiedade e depressão.

Evitar multidões, grandes grupos ou eventos de grande exposição também é recorrente, uma vez que temem serem descobertos. Assim, em suas cabeças, não precisarão ser julgados nem avaliados.

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