O que preciso aprender com o trauma da COVID-19?

Por Lizamar Rodrigues

Quantos traumas apenas o nome dessa doença nos remete, não é? Trauma por perder alguém sem se despedir, sem dar as mãos ou sorriso de força, como se dizendo: ‘vá, meu querido(a), liberte-se, você não estará só. Segure na mão de Deus de seu coração e siga em paz’. Trauma por transmitir o vírus a alguém de seus maiores afetos sem ter conhecimento, por transmitir ao setor de trabalho de sua empresa, pela culpa e até mesmo remorso por não ter se cuidado o suficiente, ter saído sem máscara, por não acreditar no vírus e acabar perdendo alguém especial. Situações assim compreensivelmente trazem enorme culpa e raiva de si.

Além disso, também há o trauma por entrar no serviço médico passando mal, por ser entubado(a), sentir-se isolado, pensando até mesmo que foi abandonado(a) por seus familiares… Por passar COVID-19 ao seu amor e ele(a) não resistiu e partiu sem ter tido tempo para se despedir e olhar nos olhos de quem amava, tendo suas almas dizendo tudo através do olhar, ambos em silêncio.

São tantas situações traumáticas que vivenciamos que somente quem passou por uma COVID com sintomas moderados a fortes sabe o que é e como é a prostração, a fraqueza absurda de não conseguimos nem ao menos se levantar para abrir uma porta ou, ainda, segurar o celular para dizer: ‘oi, fiquem tranquilos, estou sendo bem atendido(a) no hospital’. O incômodo de não conseguir respirar, a febre intermitente, as dores nas juntas ‘desconjuntando’ tudo, que só dá vontade de ficar quietinho(a), sem ninguém, só esperando passar esse momento de desolamento.

São inúmeros pensamentos de medo, tristeza, frustração, raiva e desamparo que nos sentimos sem vontade de lutar, mas não desistimos, mesmo sem forças. Prosseguimos, por haver uma luz ainda maior que nos envolve em nossos piores momentos, que acalenta a alma até sentirmos os familiares que já partiram ao nosso lado, velando por nossa saúde, pegando em nossas mãos e acalentando nosso coração. Não estamos sozinhos, não.

Meus pacientes relataram ter passado por cada um dos sentimentos acima citados, sentiram-se impotentes por não haver o que fazer além de confiar e se entregar verdadeiramente aos cuidados dos anjos abençoados que Deus nos deu para cuidarem de nós desde os primeiros sintomas.

Por isso, digo: agradeço por todo o aprendizado que essa doença nos trouxe. Segundo as constelações, olhar para a COVID-09 e dizer: ‘aprendi e continuo aprendendo muito com você, te olho com muito amor e peço que, por favor, olhe com amor para mim também, libertando a mim e a todos que sofreram com sua dor. Sinto muito que foi e está sendo assim, mas existe uma justa razão para que estar em Terra nos ensinando, burilando e direcionando a algo maior, ainda que não entendamos. Mas levarei todo o aprendizado que você me ensina para me tornar uma pessoa melhor; por isso, sou grato(a). Por favor, me abençoe, pois assim me curo e me liberto’.

Chico Xavier sempre falava: ‘isso também passa’. E, mesmo com relação à pandemia, sim, isso também passará. Portanto, receba eflúvios de amor e coragem para prosseguir e confie.

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