O cérebro consciente e inconsciente

Por Celso Paulo Martins

Este artigo é uma releitura do original por David Grand, Ph.D., terapeuta nova-iorquino que desenvolveu o Brainspotting, uma das mais recentes e promissoras abordagens para tratamento do estresse e trauma. Traz clareza sobre o funcionamento do sistema nervoso autônomo, gerenciado por essa máquina fantástica que é o cérebro humano. Ele nos diz: “o cérebro é um supercomputador, com um quatrilhão de conexões (um milhão de bilhões) de sinapses, mais que o total das estrelas da Via Láctea”, ou seja, é responsável pelo monitoramento e ajustamento contínuo de todo o funcionamento corporal e mental. Assim sendo, a percepção consciente de todo nosso vasto espaço interno é tão limitada quanto, quando olhamos para o céu coberto de estrelas numa noite, e vemos uma pequena fração do vasto universo.

No entanto, este supercomputador está constantemente nos fornecendo informação, sob a forma de sensações corporais, emoções, insights, pensamentos, ações e reações reflexas. Essa informação é sempre perfeita em termos de conteúdo, grau e timing, e exatamente do que precisamos, a cada momento.

O problema acontece quando nossa minúscula mente consciente tem um vislumbre dos vastos processos mentais das profundezas da mente inconsciente e não entende a comunicação que recebe dessa área mais profunda do cérebro. Isso faz frequentemente com que nos sintamos confusos, perdidos, perplexos, bloqueados ou ameaçados.

As regiões mais profundas e inconscientes do cérebro e corpo são desprovidas de cognição e linguagem, apenas conhecem a experiência. Na realidade, a informação é tudo, menos confusa ou bloqueada, exceto na percepção equivocada da mente consciente. Assim, as respostas estão embutidas na confusão e no bloqueio. Esses são processos instintivos de saber, de ser, de reagir, dos mecanismos de sobrevivência, dos reflexos, da consciência e dos processos corporais, literalmente o lugar onde vivemos e respiramos. 

Além disso, parte dessa informação é desconfortável e francamente dolorosa, o que nos leva a tentar evitá-la. Isso se faz negando-o, ignorando-a ou suprimindo-a, por consequência comprometendo o processo natural de descarga energética momento-a-momento, e resultando em confusão e sintomas de comportamento mal adaptativo.

A solução é bem simples: observar, com consciência atenta e curiosidade, se dar tempo e espaço, e ver o que acontece. Reagir (reduzindo informação) é a nossa forma natural de vivenciar as experiências. Tendemos a interpretar nossas reações como um problema, mas, na realidade, o problema é nossa reação a essas percepções. Esse fenômeno inibe nosso processamento natural e a liberação dos desconfortos, principalmente no nível somático. Reagir às nossas sensações e emoções resulta em ficarmos presos, entrando numa espiral negativa não natural de percepções equivocadas. É a diferença entre dois comportamentos: rastrear (acompanhar) e distrair (e confundir).

Tendemos a pressupor que todas as memórias chegam à consciência, o que é incorreto. A maioria não chega, evaporando-se como meteoros que se consomem em fogo na atmosfera, antes de chegarem à superfície. Assim sendo, nossa mente consciente contém apenas uma fração minúscula de nossa consciência. No áudio atrelado este artigo expando esse conhecimento. Confira a seguir!

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