Minhas tentativas de emagrecer são um fracasso

Asian woman weight loss and diet concept

Por Fabiana Carvalho

 

Você já fez dieta, emagreceu, mas engordou tudo de volta? Já ficou horas fazendo atividade física e não perdeu nenhum único quilo na balança? Ou usou o máximo de sua força de vontade, manteve-se motivado(a) e focado(a), mas, no final, não conseguiu emagrecer? E você sabe por que isso acontece?

Não adianta utilizar os quatro pilares do emagrecimento (alimentação, atividade física, mente e ambiente) isoladamente: é preciso usá-los em conjunto. Na alimentação, deve-se comer menos calorias do que se gasta, estabelecendo um balanço calórico negativo. Ao se exercitar, o mais eficaz é fazê-lo de alta intensidade para deixar o seu metabolismo mais rápido. Sua mente deve ser monitorada, observando suas atitudes, estabelecendo hábitos novos e sendo autorresponsável por suas ações, e os ambientes que você convive também devem estar cercados de pessoas que compartilhem dos mesmos objetivos que você. Mas isso não significa que as pessoas que não estão passando por este processo deverão ser excluídas da sua vida; você apenas ampliará amizades com pessoas que estejam na mesma sintonia que você.

É difícil conectar todas essas partes de maneira eficiente para alcançar o emagrecimento, mas a união delas faz com que se consiga emagrecer de forma leve, saudável e feliz.

Para unir a alimentação à mentalidade, sua dieta deve conter alimentos que contenham suas preferências pessoais. Assim, a mudança não será estressante ao seu cérebro. Para conectar a alimentação à comunidade, sua dieta deve estar dentro dos seus hábitos culturais e não dificultar sua socialização. No entanto, procure sempre por um balanço calórico negativo. O cérebro humano não suporta mudanças radicais por serem desgastantes, motivo pelo qual deverá ser gradual e contínua para que o cérebro se acostume, desde os alimentos até as quantidades.

A prática de exercícios deve progredir gradualmente em intensidade e quantidade de maneira a adaptar, gostar e desafiar o organismo a gerar mais conforto ao cérebro e melhores resultados de emagrecimento. Ao se exercitar, sua alimentação melhora, a qualidade do sono aumenta e você se torna mais produtivo, instalando um ciclo virtuoso saudável. Isso funcionará como um hábito angular que ajudará nas mudanças de atitudes.

O exercício também pode te inserir em uma comunidade com os mesmos objetivos que os seus, por exemplo, um grupo de corrida ou na própria academia. Encontrar pessoas com hábitos saudáveis comuns acabam influenciando a melhorar a si próprio cada vez mais, e a comunidade é quem cuidará de você nas horas difíceis e celebrará nas pequenas vitórias.

Podemos utilizar diferentes estratégias para perder peso. Para saber qual dieta ou reeducação alimentar é mais adequada para o seu organismo, é recomendado que seja procurada a orientação de um nutricionista. No entanto, entre as mais comuns está a aquisição de uma dieta saudável, isto é, que não contenha alimentos ricos em gorduras saturadas, nem açúcares ou álcool. Somado a isso está a prática de qualquer tipo de atividade física que se encarregue de queimar a gordura já acumulada.

O processo de perda de peso ocorre através da queima de gordura. Ao queimá-la, reduzimos medidas e o peso é igualmente reduzido. Mas, quando iniciam este processo, muitas pessoas apenas se concentram em saber quanto peso estão perdendo ao invés de como estão trabalhando para perdê-lo.

Muitos também se alimentam porque se sentem entediados, solitários, estressados, cansados, ansiosos, ou por qualquer outro motivo que não se relacione diretamente à necessidade fisiológica do corpo humano por comida. Comer aquele pedaço de bolo ou uma fatia de pizza torna-se um ‘carinho’ que a pessoa se faz. Quem nunca, depois de um dia estressante e cansativo de trabalho ou após uma briga, não olhou para determinado alimento e pensou: ‘hoje eu mereço’? O problema é que esse falso afeto pode causar efeitos desastrosos para a saúde e a estética. Portanto, para ter sucesso em seu processo de emagrecimento é importante readaptar seu cérebro, modificando sua relação com a comida.

Talvez você não tenha consciência, mas sempre há um pensamento que antecede o ato de comer. Imagine-se diante de um bolo de chocolate; pegar uma fatia deste bolo e levá-lo até a boca não é um processo automático. Se você pensar: ‘comer só um pouquinho não terá problema’ ou ‘eu quero mesmo comer um pedaço deste bolo?’ e, ainda assim, não reagir, acabará por comer o bolo inteiro.

Você pode estar se perguntando: ‘mas como estes pensamentos podem atrapalhar a minha dieta?’. Ora, te incentivando a se alimentar. Você tem pensamentos que lhe concedem ‘permissão’ para comer, minando a sua autoconfiança, que surgem após ter se alimentado de algo que não deveria ou quando o resultado na balança não é positivo. Estes pensamentos também te levam a desconsiderar as orientações apresentadas pelo(s) profissional(ais) que está(ão) te acompanhando neste processo.

Por isso, também pergunto: como estão as suas emoções? Você as leva até o prato? A compulsão alimentar é motivada por razões emocionais, e é a segunda maior causa de obesidade no mundo. Um dos grandes causadores do comer compulsivamente são os problemas afetivos. As perdas, decepções e frustrações, a rejeição, necessidade de agradar e/ou ser aceito(a), os rompimentos e o luto, dentre inúmeros outros, podem favorecer a alteração no comportamento, levando-o(a) a comer demais ou até compulsivamente. O alimento, nesse contexto, seria um substituto do afeto perdido e aquele bolo de chocolate ou prato calórico se tornam um carinho que proporciona a si mesma.

Um bebê, quando chora, lhe é oferecido o seio materno ou a mamadeira. Ele pode chorar devido a vários fatores, como fome, frio, calor, sono, ou dor. Geralmente, uma das primeiras soluções a ele oferecida para aplacar o sentimento desagradável é a comida. Assim, a comida lentamente torna-se ‘o primeiro antidepressivo ou ansiolítico’, pois aprendemos inconscientemente desde pequenos que ela é uma das primeiras estratégias para lidar com sensações desagradáveis, ou seja, com as primeiras frustrações.

Mais tarde, quando as frustrações afetivas ocorrerem, algumas pessoas, diante da impossibilidade de saber lidar com a situação ou de ‘anestesiar’ o mal-estar interno, poderão reativar esse antigo esquema. Logo, comida = bem-estar. Dependendo do contexto em que isso ocorre, o cérebro começa a criar outras funções para o alimento que não só a de objeto de nutrição: o alimento passa a ter uma função afetiva. Ele pode significar amor, afeto, carinho, e rapidamente se torna uma bengala.

É inegável que a comida se torna, em muitos casos, um poderoso objeto de redução de ansiedade. O problema é que esse falso merecimento ou afeto disfarçado de comida causa efeitos desastrosos para a saúde e a estética, quando ingerido em excesso.

Não se iluda! Há uma forte relação entre emagrecimento e autoestima. Você precisará mudar algo mais que apenas perder peso e manter-se magro. Se você não fizer nada com relação à ansiedade, ao vazio existencial, aos sentimentos de rejeição e abandono, à depressão ou raiva reprimida, por exemplo, continuará sendo um campo fértil para a autossabotagem. Você precisa ser feliz para emagrecer, e não emagrecer para ser feliz!

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