Por Fabiana Orloski
O estelionato emocional é uma forma de manipulação que envolve o abuso de confiança para obter vantagens emocionais, materiais ou psicológicas da vítima. Esse tipo de comportamento, muitas vezes sutil e disfarçado sob o pretexto de afeto e interesse genuíno, gera profundas consequências para a saúde mental, resultando em trauma, abalo psicológico e, em casos mais graves, transtornos emocionais como ansiedade e depressão.
No aspecto jurídico, o estelionato emocional ainda não possui uma tipificação penal específica, sendo, em alguns casos, enquadrado no crime de estelionato previsto no artigo 171 do Código Penal Brasileiro. Esse dispositivo legal trata da obtenção de vantagem ilícita em prejuízo alheio mediante fraude. Entretanto, a dificuldade de comprovação do dano material e da intenção fraudulenta no contexto emocional torna a aplicação da norma desafiadora. Além disso, o abuso de confiança presente nesse tipo de conduta pode configurar dano moral, passível de reparação cível com base nos artigos 186 e 927 do Código Civil, que estabelecem a obrigação de indenizar quando há lesão a direitos da personalidade.
Do ponto de vista psicológico, a vítima do estelionato emocional frequentemente experimenta sentimentos de desamparo, culpa e desvalorização, impactando sua autoestima e segurança nas relações interpessoais futuras. O trauma decorrente desse tipo de abuso pode levar a dificuldades em estabelecer novos vínculos afetivos, bem como ao desenvolvimento de quadros de sofrimento psíquico duradouros e até mesmo depressão.
Um exemplo amplamente conhecido desse tipo de golpe é o caso do ‘Golpista do Tinder’, exposto em um documentário da Netflix. O fraudador usava plataformas de relacionamento para criar um vínculo emocional com suas vítimas, convencendo-as a realizar empréstimos e transferências bancárias sob falsas promessas. O caso ilustra claramente como o estelionato emocional pode ter implicações financeiras e psicológicas devastadoras, reforçando a necessidade de maior conscientização e proteção jurídica para evitar que mais pessoas sejam vítimas desse tipo de manipulação.