Por Cintia Baek
Neste artigo, para falarmos sobre trauma oclusal, primeiramente precisamos entender o que é ligamento periodontal. Nossos dentes estão fixados no osso através deste ligamento, que nada mais é como um amortecedor quando comparado a um carro, onde o pneu seria equivalente aos dentes, o carro aos ossos e o amortecedor ao ligamento periodontal. As funções físicas do ligamento abrangem a sustentação, transmissão das forças oclusais e inserção dos dentes no osso, manutenção dos tecidos gengivais em suas relações adequadas com os dentes, resistência ao impacto das forças oclusais (absorção do choque) e a provisão do ‘envoltório’ de tecido mole para proteger os vasos e nervos das lesões produzidas pelas forças mecânicas.
Já o trauma oclusal é um termo usado para descrever alterações patológicas ou mudanças adaptativas que se desenvolvem no periodonto como resultado de força indevida produzida pelos músculos mastigatórios. Pode também se desenvolver mediante hábitos parafuncionais, como o bruxismo, ou interferências oclusais que podem provocar danos aos tecidos periodontais, à articulação temporo mandibular (ATM), aos músculos da mastigação, à polpa dentária e ao osso alveolar. Dentre alguns sinais e sintomas que ocorrem no trauma oclusal estão a mobilidade dentária, a dor dentária durante a mastigação e a percussão.
Um trauma oclusal pode ser agudo ou crônico, onde a forma aguda é caracterizada pela dor, mobilidade e sensibilidade dentária, e a crônica é mais comum, podendo se desenvolver quando há alterações causadas por desgaste dental, mudança na posição do dente, extrusão dentária e em pacientes que apresentam hábitos parafuncionais como o bruxismo.
Como hábitos parafuncionais, temos o apertar e/ou ranger os dentes durante o dia e/ou à noite (bruxismo); mascar chicletes; morder bochecha, lábios e língua; pressionar a língua contra os dentes; morder unhas/cutícula; roer objetos como lápis/canetas ou outros; e chupar chupeta ou dedo. Esses maus hábitos podem promover um aumento da atividade muscular (hiperatividade muscular) e mudança na posição dos dentes, podendo causar um trauma oclusal.
Os problemas iniciais ficam na região periodontal, localizados na raiz dos dentes e gengivas, por exemplo. Além disso, também podem aparecer dores musculares. Esse trauma pode causar dentes sensíveis, desgaste nos dentes, trincas e até dentes quebrados.
Quando um paciente chega ao dentista reclamando de dores na mandíbula, bochecha, dentes e gengiva, os sinais mais comuns são: aumento do tônus muscular na região da face; dor à mastigação e percussão; dores musculares; e desejo de apertar os dentes.
Após a identificação do problema, o paciente inicia o tratamento com o cirurgião-dentista que avaliará quais as repercussões do trauma oclusal e definirá o tratamento e as especialidades envolvidas. O tratamento para a condição é o ajuste oclusal, que visa harmonizar os aspectos funcionais. As especialidades geralmente envolvidas são a periodontia, odontologia estética e a ortodontia.
O tratamento ortodôntico pode ser feito o uso de aparelhos ou placas para reeducar a mordida do paciente. Em casos mais complexos, também pode acontecer de o paciente fazer acompanhamento com um fonoaudiólogo para a reeducação da mastigação.
Os pacientes devem procurar ajuda assim que detectarem os sinais citados acima, assim o tratamento será efetivo e não lhe trará maiores prejuízos. Porém, também é imperativo que os profissionais compreendam os aspectos oclusais em todas as suas especialidades. Sem esta compreensão, o tratamento não será eficaz, seja ele periodontal, restaurador, protético ou ortodôntico.