Entendendo a ‘galera’ que mora lá dentro: uma jornada de cura

Por Sofia Scheidemantel Jacobsen

Já se sentiu como se houvesse um time de pessoas diferentes morando dentro de você? Esly Carvalho nos apresenta a ideia de que possuímos ‘personagens internos’, figuras que representam nossas emoções e experiências. Cada um com sua voz e papel, como um zelador da raiva ou uma guardiã da tristeza.

Richard Schwartz expande essa visão com a Teoria dos Sistemas Familiares Internos (IFS). Ele nos mostra que essas figuras são, na verdade, ‘partes do self’, pequenos ‘eus’ que carregam nossas vivências, desde a criança brincalhona até o adulto responsável.

Mas o que acontece quando vivenciamos um trauma? Anabel Gonzalez nos explica que o trauma pode fragmentar o self, criando partes dissociadas que carregam as memórias e emoções do evento traumático. É como se um pedacinho nosso ficasse ‘congelado’ naquele momento, buscando se proteger da dor.

Essas partes podem se manifestar de diversas formas, influenciando nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Podemos nos tornar agressivos, mesmo sem querer, ou sentir medo o tempo todo, sem motivo aparente.

A boa notícia é que podemos aprender a ‘conversar’ com essas partes, entender suas necessidades e curar as feridas do passado. É como se déssemos um abraço em cada uma delas, acolhendo suas dores e medos.

Ao entendermos nossos personagens internos e partes do self, podemos nos reconectar com nossa essência, aquela parte de nós que é pura e intocada pelo trauma. É como encontrar um tesouro escondido dentro de nós mesmos.

REFERÊNCIAS:

CARVALHO, E. Curando a galera que mora lá dentro. São Paulo: Summus Editorial, 2018.

GONZALEZ, A. Transtornos dissociativos: teoria e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2016.

SCHWARTZ, R. C. Não há partes ruins: transformando seus críticos internos em aliados. São Paulo: Cultrix, 2019.

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