Compulsão alimentar

Por Fabiana Carvalho

Muitas pessoas já comeu demais e se sentiu mal depois, principalmente se enquanto fazia dieta, mas isso não costuma ser um problema para a maioria delas. Outras, entretanto, sofrem com a compulsão alimentar e perdem o controle do que e da quantidade consumida.

A compulsão alimentar é um transtorno no qual um sujeito ingere alimentos excessivamente enquanto se sente fora de controle, incapaz de parar. Diferentemente de outros transtornos mais frequentes em mulheres, esse transtorno pode afetar a qualquer pessoa em todas as idades. Porém, é mais comum que as mulheres busquem mais ajuda que os homens, principalmente em razão da preocupação com a aparência.

Dentre as principais características estão os episódios frequentes de alimentação compulsiva, geralmente acompanhados e seguidos por sentimentos negativos de raiva, culpa, tristeza e/ou angústia por comer demais, ou não possuir ‘um filtro’ de saciedade. Diferente da bulimia, por exemplo, não há tentativas de compensar pela alimentação com vômito, jejum ou excesso de atividade física, e os incidentes podem ocorrer sigilosamente para que outras pessoas não a vejam nem a julguem. É um hábito que pode ser reconfortante e prazeroso durante um período, mas logo desperta pesos na consciência e instaura um ciclo: come-se compulsivamente para se sentir melhor, mas se sente mal por comer demais (ou mais que o necessário). Assim, retorna à compulsão alimentar para tentar sentir-se melhor novamente.

Mas também existem outros sintomas, como a ingestão mais rápida que o normal e mesmo estando sem fome ou se sentindo saciada, independentemente se sozinho(a) ou acompanhado(a) de outras pessoas. Por essa razão, é mais comum que compulsivos tenham maior risco de desenvolver obesidade, diabete tipo 2, hipertensão, além de possuírem altos níveis de colesterol e outras doenças mentais como a bulimia, depressão e ansiedade. 

Além disso, muitos compulsivos alimentares fazem comentários como: ‘não consigo me controlar. Abro a geladeira e como sem importar a hora do dia, mesmo que tenha acabado de tomar café da manhã, almoçado ou jantado’; ‘sei que meus familiares estão saindo, por isso inventarei uma desculpa para ficar em casa e poder comer’; ‘sinto vergonha por fazer isso, sei que é errado, mas continuo comendo. A comida controla a minha vida’; ‘como adequadamente diante dos outros, mas chego em casa e como muito mais quando ninguém está vendo’; ou ainda: ‘sempre paro o que estou fazendo e abro a geladeira em busca de algo para beliscar’. Porém, de fato, existem alguns problemas que podem favorecer a compulsão alimentar. São eles:

  • dieta realizada de maneira errada: após dietas muito rígidas, há o risco de desenvolver compulsão alimentar. Muitos especialistas afirmam que essas dietas deprimem e privam os indivíduos de diversos alimentos, e isso aumenta o desejo por comidas que não poderiam ingerir. Além disso, estudos apontam que dietas restritivas levam ao impulso por comida, sentimento de desânimo e à incapacidade de parar de comer quando saciado;
  • comer por conforto emocional: estudos apontam que as mudanças emocionais são normalmente o principal gatilho daqueles que comem compulsivamente;
  • estresse: a compulsão alimentar pode ser uma maneira lidar com o estresse;
  • problemas com a imagem corporal: pessoas com compulsão alimentar normalmente não gostam de sua aparência, crendo que deveriam comer menos mesmo que não consigam realizar algo a respeito disso. Por sentir-se gorda ou com medo de ganhar mais peso, são constantes tentadas a compensar a compulsão com dietas malucas, passando fome, e tomando medicamentos para emagrecer, dentre inúmeros outros métodos, e isso pode levar a problemas ainda mais graves;
  • e problemas emocionais: casos de compulsão alimentar associados a outras práticas, como a indução do vômito após a alimentação ou a ingestão de laxantes, podem relacionar-se a traumas no passado, como, por exemplo, abuso sexual e/ou negligência, entre outros.

A maioria das pessoas come compulsivamente após um período de dieta, o que pode configurar como um fator de risco, mas a dificuldade em expressar suas necessidades devido ou não à baixa autoestima também podem ser sinais importantes a prestar maior atenção. Essa condição leva ao indivíduo a sentir-se mais exposto a possíveis comentários externos sobre seu corpo, peso e alimentação como um atleta de elite. Independentemente disso, é necessário procurar ajuda profissional adequada com acompanhamentos regulares com médico psiquiatra e psicólogo, por exemplo, para tratar a compulsão.

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