Por Fabiana Carvalho
O processo de emagrecimento é multifacetado, envolvendo não apenas mudanças nos hábitos alimentares e na prática de exercícios físicos, mas também uma profunda interação com fatores emocionais e psicológicos. As emoções podem influenciar diretamente a eficácia das tentativas de perda de peso, e este artigo explora como a psicoterapia junguiana pode oferecer um suporte significativo nesse contexto.
A relação entre emoções e alimentação é complexa e frequentemente bidirecional. A ansiedade e o estresse, por exemplo, embora comuns, podem sabotar os esforços de emagrecimento através da liberação de cortisol, hormônio que pode aumentar o apetite e promover o armazenamento de gordura, especialmente na região abdominal (Mello et al., 2013). Além disso, pessoas estressadas tendem a preferir alimentos ricos em açúcar e gordura, buscando conforto emocional na comida.
A tristeza e a depressão também costumam causar interferências. Pessoas deprimidas podem apresentar uma redução no apetite ou, inversamente, recorrer à compulsão alimentar como uma forma de lidar com o desconforto emocional. A falta de motivação também pode levar à diminuição da atividade física, sintoma comum da depressão que também impacta a perda de peso.
Por outro lado, emoções positivas como alegria e celebração podem influenciar hábitos alimentares. Eventos sociais e comemorações frequentemente envolvem comida e bebida em excesso. No entanto, pessoas felizes e satisfeitas tendem a ter uma relação mais equilibrada com a comida, favorecendo um emagrecimento saudável a longo prazo.
A psicoterapia junguiana, baseada nas teorias de Carl Gustav Jung, enfatiza a importância do inconsciente na formação de comportamentos e emoções. Através da análise de sonhos, imaginação ativa e outros métodos, auxilia na exploração e compreensão dos aspectos inconscientes que podem estar sabotando seus esforços de emagrecimento.
Os arquétipos são imagens e temas universais presentes no inconsciente coletivo. Identificar e trabalhar com arquétipos, como o Guerreiro, que pode fornecer força e determinação, ou o Cuidador, que pode ajudar a desenvolver uma relação mais saudável com a alimentação, pode ser particularmente útil.
O processo de individuação refere-se ao desenvolvimento de uma personalidade íntegra e autêntica compreendendo e integrando emoções, levando a uma relação mais equilibrada com a comida e o corpo. Já a análise dos sonhos pode revelar medos, desejos e conflitos inconscientes que influenciam o comportamento alimentar, e a interpretação desses sonhos pode desvendar suas motivações e bloqueios emocionais.
A imaginação ativa é uma técnica que permite o diálogo com imagens do inconsciente, promovendo a resolução de conflitos internos e o fortalecimento da autoestima e autodeterminação. O uso da arte, escrita e outras formas de expressão criativa costuma auxiliar a externalizar e processar emoções de maneira saudável, contribuindo para um maior bem-estar.
As emoções desempenham um papel crucial no processo de emagrecimento, influenciando tanto os hábitos alimentares quanto a motivação para a prática de atividades físicas. Por isso, essa abordagem integrativa e profunda oferece ferramentas capaz de ajudar a enfrentar emoções e promover um emagrecimento saudável e sustentável
REFERÊNCIAS:
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