Por Suelen Braido da Silva
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde não significa a mera ausência de doenças, mas um completo bem-estar biopsicossocial e espiritual. E é diante de eventos de grande impacto psicológico, maiores do que a capacidade de suportar, que surge o que chamamos de trauma. Essa memória traumática é formada através da vivência de uma experiência dolorosa, gerando lembranças de emoções, imagens, sons e todos os sentimentos vivenciados no momento, e traz malefícios à saúde mental.
Nos deparamos, ao longo da vida, com múltiplas vivências por vezes estressantes e traumáticas que podem suscitar o surgimento de disfuncionalidades que interferem na vida diária, prejudicando a saúde integral. Os maiores traumas são causados por aqueles que amamos, pois ninguém imagina ser traído ou maltratado por alguém a quem se tem afeto e espera ser amado, mas também existem traumas externos, como acidentes, perdas, assaltos e violências, que causam traumas psicológicos.
Esses traumas podem gerar sintomas no organismo, nos quais os mais comuns são físicos (como úlceras, palpitações, dores no coração, hipertensão, alergias, enxaqueca, fibromialgia, síndrome do intestino irritável e síndrome da fadiga crônica), psíquicos (irritabilidade, ansiedade e agressividade) e sociais (queda de produtividade no trabalho, conflitos entre os familiares e amigos, tendência ao isolamento e apatia), além de serem a causa de diversos transtornos psíquicos e endocrinológicos, que vão desde a depressão até a dependência química, passando pela obesidade, Síndrome do Pânico e pelo Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Diante de um trauma, é ideal que um indivíduo preze pela manutenção da sua saúde integral e busque auxílio com um profissional capacitado para trabalhar todas as suas emoções e sentimentos, e é neste momento em que a religião entra como um suporte eficaz no processo de cura. A religião e a espiritualidade é um dos pilares para a uma saúde adequada, e, por isso, muito relevante ao momento. Isso se dá não somente pela importância que ocupa na vida de muitos indivíduos como também devido à crescente relação entre a espiritualidade, religião e saúde (REGALADO, 2016 apud BARTH, 2014; HILL, et al., 2000).
Em geral, aqueles que reportam níveis mais elevados de religiosidade e bem-estar têm menos perturbações físicas, mentais e emocionais, corroborando com a tese de que, de fato, a religião pode auxiliar nas vivências negativas ao servir como ferramenta de apoio, trazendo mais otimismo, motivação e significado aos eventos traumáticos. A religião opera como processo motivacional na procura de propósito, tão necessário à vida humana, reduzindo a incerteza e os níveis de ansiedade (REGALADO, 2016 apud INZLICHT, TULLETT, & GOOD, 2011).
Além disso, também fornece identidade pessoal e social […], e favorece sentimentos de esperança, altruísmo, resiliência, colaborando com a melhoria da qualidade de vida e do enfrentamento de dificuldades (REGALADO, 2016 apud BARTH, 2014).
REFERÊNCIAS:
INZLICHT, M.; TULLETT, A. M.; GOOD, M. The need to believe: a neuroscience account of religion as a motivated process. Religion, brain & behavior, v. 1, n. 3, p. 192-212, 2011.
REGALADO, A. F. A. Influência da espiritualidade, resiliência e trauma na população geral adulta. 2016. Tese de Doutorado.