Por Daniele Rodrigues
Tomar decisões é uma experiência conflitante para a maioria das pessoas, quaisquer que sejam as razões que pressione alguém para a tomada de uma posição. É inevitável que surjam dúvidas, inquietações, receios, e uma decisão importante como a cirurgia bariátrica muitas vezes coloca as pessoas nessa área de conflito. É o melhor caminho para mim? Já tentei realmente tudo que podia sem tratamentos clínicos? Será que, se me esforçar mais dessa vez, conseguirei emagrecer sem cirurgia? Será que a cirurgia não é uma espécie de mutilação por retirar parte do meu corpo? Não me julgarão fraco por não me esforçar para emagrecer e tomar essa decisão por ser mais fácil? É mesmo mais fácil? Corro o risco de morrer?
Inúmeras dúvidas passam pela mente das pessoas e precisam ser acolhidas, mas o primeiro passo diante de tantas perguntas é superar os seus preconceitos. Estas ideias pré concebidas sobre as experiências de outras pessoas podem alimentar medos e criar um cenário bastante difícil de lidar, o que significa que há um grande sistema de crenças enraizado precisando de atenção.
A informação é fundamental, mas é preciso limites até mesmo para isso. Buscar fontes confiáveis, fugir de fatalismos, e escolher com cuidado e ponderação a equipe profissional que irá auxiliá-lo a realizar essa experiência é essencial. Até mesmo o processo de escolha do médico e equipe pode se estender por uma peregrinação sem fim, gerando mais dúvidas que esclarecimentos. Mas definido que optará pela cirurgia e escolhida a equipe, é necessário seguir um protocolo psicoeducativo, realizar uma bateria de exames, consultar os especialistas indicados. E, ainda assim, com a confiança de que escolheu o melhor caminho, tolerar alguns medos é inevitável.
Isso acontece com todo mundo, faz parte desse processo. É uma vida de tentativas e erros, ganhos, perdas e reganhos de peso, alegrias e muitas tristezas, coragem, mas muito medo também. É normal. Procure ver esse processo como natural. Muitas pessoas estão com tudo preparado, mas desistem de fazer a cirurgia lá na linha de chegada. E está tudo bem! Essa decisão precisa ser amadurecida para alcançar mais clareza que insegurança, porque é um caminho sem volta.
Mas, ao mesmo tempo que é importante retomar essa intenção mais tarde, reavaliar e decidir seguir em frente ou desistir para sempre, nem todos seguem essa dinâmica. Ao contrário, agem impulsivamente, decidem realizar a cirurgia e pouco se preparam para o processo que enfrentarão. Qualquer que seja o extremo, é sempre prejudicial e pode ter consequências fatais.
É primordial compreender que a obesidade é uma doença crônica e, portanto, passível de tratamento, mesmo que seu emagrecimento se dê através da cirurgia bariátrica. Ela lhe exigirá rédeas que talvez nunca teve na sua vida, e as terá para sempre. Então avalie, com mente e coração, medo e coragem, sentindo esse processo muito mais do que apenas pensando.
Você está disposto a mudar seus resultados mudando todo o caminho a seguir? Se sim, prossiga. Se não, pare! Não há como obter um resultado diferente fazendo as mesmas coisas. Não se engane para não sofrer posteriormente com os julgamentos e, pior, com a perda da própria vida.