Reparos além da chave: trauma psicológico e a oficina automotiva

Por Daniele Rodrigues e Lelo Havreluk

Dando continuidade em um artigo anteriormente escrito na mesma temática intitulado ‘Motor interno: explorando os traumas psicológicos na oficina automotiva’, aqui discorreremos sobre como arrumar esse motor que precisa ser consertado e, principalmente, sobre a importância de haver verdadeiro interesse nisso.

Todos apresentam algumas falhas, mas alguns preferem manter o uso até simplesmente deixar de funcionar definitivamente ou podem se tornar um carro ‘pizera’. Para arrumar é bastante simples, mas requer investimento: de tempo, de dinheiro e, principalmente, de disposição.

Em termos financeiros, não é tanto assim. Tratar traumas psicológicos exige mão de obra especializada, isto é, não basta ser psicólogo, é fundamental ser psicólogo especialista em traumas, pois assim terão as ferramentas certas e precisas para ajustar o motor interno, tornando todas as engrenagens em ordem para o acionamento perfeito de tudo o que utilizado. Se for para acelerar e exigir mais do motor, o profissional precisará seguir com mais atenção nos traumas complexos e trabalhar todos os pequenos traumas envolto da mesma situação que torna esse problema grande e influente em várias outras situações.

Esse processo também requer calma, confiança e tranquilidade. Apesar de trabalhoso, é bastante simples de fazer para quem tem o manejo adequado. E, da mesma forma que na oficina, também ocorre com as pessoas em setting terapêutico. São feitos testes assim como num automóvel a fim de verificar se apareceu um ‘barulhinho’ aqui ou ali e se a ‘tremida’ que tinha antes parou ou não. Então ocorrem os ajustes, o motor é religado e verificado o que significam esses sinais. Os reequilíbrios e harmonizações são conduzidos a partir de um olhar interno, testando emoções, sensações, pensamentos e sentimentos sutis para conseguir finalmente manter o motor em pleno funcionamento e arrancar com o veículo, testando repetidamente de forma mais profunda que na sala do consultório.

Alguns até podem pensar: “ah, é preciso investir muito para isso!”, mas podemos afirmar que não é exatamente assim. Trata-se puramente das escolhas que você faz para a sua vida. Na maioria das vezes, cuidar do seu motor interno sai muito mais barato que de fato o conserto de um motor automotivo, e aqui, no Espaço Dani-se, já foram conduzidos tratamentos completos com menos da metade do valor de uma ida a uma oficina mecânica.

Já quanto ao investimento de tempo, à duração do tratamento e disponibilidade na agenda pessoal, tudo depende do seu interesse, sua força de vontade e periodicidade para as sessões, podendo ser semanal, quinzenal, ou até mesmo semanal duas vezes por semana. Evidentemente, a duração do tratamento completo é consideravelmente menor que todo o tempo empregado carregando o problema ao longo da vida, sofrendo ou até mesmo negando necessitar de ajuda, incapaz de olhar para as suas dores emocionais.

Não nascemos a toa; viemos para aprender a nos tornar pessoas melhores e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Viver requer coragem, e o mundo que queremos não depende dos outros, mas de cada um de nós. Se cada um fizer a sua parte, automaticamente as mudanças que tanto queremos (e precisamos) acontecerão. Só existirão seres humanos melhores se cada um tomar consciência do que precisa melhorar em si, o que consequentemente impactará nas relações com o outro e retornará em uma grande rede de amor e ajuda mútua.

Por isso, é muita prepotência crer estar bem e não precisar cuidar da sua saúde mental. É egoísmo buscar culpados para tudo aquilo que não gosta e responsabilizá-los pelas próprias insatisfações. Se até mesmo um automóvel 0Km às vezes é chamado para recall, imagina se um ‘alecrim dourado’ nunca precisará ser ajustado, não é mesmo?

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