Fotobiomodulação utilizada como ferramenta em traumas provocados pelo COVID-19

Por Tacyana Schmidt Cantuária

Para compreender os resultados positivos da aplicação da técnica de fotobiomodulação ou laserterapia nos pacientes acometidos por COVID-19, é  necessário entender o processo fisiológico do corpo humano chamado de homeostase, que nada mais é a troca gasosa entre o organismo e o ar respirado. Ou seja, é a expiração de gás carbônico e inspiração de oxigênio. As hemácias, também conhecidas como células vermelhas do sangue, são responsáveis por levar o sangue rico em gás carbônico até os alvéolos e realizar tal troca por sangue rico em oxigênio. Este processo ocorre especificamente nos alvéolos, estrutura localizada nos pulmões.

A COVID-19 é uma síndrome respiratória que compromete todo esse processo de troca gasosa, e, portanto, causa um desequilíbrio homeostático no organismo. Existe ainda uma epidemia subjacente e silenciosa, que diminui a qualidade de vida desses recuperados, é a síndrome pós-Covid, que ainda soa como uma ameaça à volta do cotidiano normal daqueles acometidos pelo vírus.

O COVID-19, quando na fase inicial, causa uma reação significativa do sistema imunológico conhecida como ‘tempestade inflamatória’, que libera citocina capaz de lesionar tecidos e órgãos. Alguns se recuperam sem tratamento, outros são assintomáticos, e existem ainda aqueles que progridem de casos leves a muitos graves, letais, que deixam sequelas comprometedoras e traumas físicos e emocionais. E, dentre as ferramentas terapêuticas de efetividade no pós-Covid, se propõe a fotobiomodulação.

Essa técnica atua em comprimentos de ondas a laser e desencadeia várias reações no organismo. A luz do laser é absorvida pelos tecidos e células, afetando diretamente o metabolismo celular via ativação da cadeia respiratória. Primeiro ocorre a fotobiologia pelo Citocromo C, células fotoreceptoras que absorvem o feixe monocromático de vermelho e infravermelho. Como resultado, obtém a modulação da função do ATP. A fotobiomodulação constitui uma alternativa terapêutica não-invasiva e sem efeitos colaterais com vantagens sobre outros tratamentos.

Na terapia de pacientes acometidos pela Covid-19, a fotobiomodulação tem sido principalmente uma ferramenta de reabilitação devido às alterações biológicas que pode promover, atuando no metabolismo local e promovendo uma ação anti-inflamatória que reduz a dor e o efeito imunomodulador. Outra vantagem é não possuir efeitos colaterais ou interações medicamentosas com os tratamentos convencionais utilizados no pós-COVID. Sua atividade anti-inflamatória já foi objeto de diversos estudos que apontaram a laserterapia como agente de proliferação e diferenciação celular, podendo melhorar a oxigenação e respostas imunes, importantes nesse processo  por  melhorar a função pulmonar e restaurar a disfunção de tecidos e órgãos.

Dentre as vantagens da fotobiomodulação, talvez a mais animadora seja a de reduzir mediadores inflamatórios, fazendo com que haja uma aceleração da angiogênese que pode influenciar decisivamente no equilíbrio das descompensações inflamatórias pulmonares crônicas instaladas no pós-Covid-19. Os resultados dos tratamentos com a técnica são animadores, desde a melhora na resposta  imunológica, antiplaquetária, analgésica, cicatrizante e vasodilatadora, com ação anti-inflamatória e aumento da serotonina, até a promoção de uma cascata de resultados positivos levando o corpo à homeostase. Pesquisas recentes demonstram que pacientes acometidos pela COVID-19 submetidos a este tratamento apresentaram recuperação mais acelerada e retorno mais breve às suas atividades cotidianas.

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