Por Erika Zanoni Fagundes Cunha
Animais são como os seres humanos: apresentam emoções e expressam o que sentem através da musculatura facial, dos pelos, das penas e através do olhar. A emoção é um sinal quase instintivo, o sentimento é interpretação. Charles Darwin, pai da Teoria da Evolução, observou que os animais apresentam emoções como felicidade, surpresa e raiva.
O medo é uma sensação inata de desconforto quando um animal é confrontado com uma ameaça ao seu bem-estar ou à sua própria sobrevivência, e a partir dele ocorrem respostas comportamentais diversas. Nessa ocasião, o perigo é real e definido, pois o animal percebe que existe um risco a sua integridade física. Mas a ansiedade é o medo infundado, não real e desproporcional. Quando há a ocorrência repetida do medo, é possível provocar uma reatividade neuroendócrina ou autonômica intensa e duradoura.
O estresse pode ser definido como um processo fisiológico, neuroendócrino, pelo qual passam os seres vivos quando enfrentam alguma mudança ambiental. As principais alterações comportamentais incluem aumento da agressividade e tendência ao isolamento. Animais cronicamente estressados podem apresentar reação exagerada do sistema nervoso simpático e elevação de pressão arterial, diminuição de insulina, aumento do risco de diabete, predisposição a úlceras estomacais e duodenais, desequilíbrio do sistema imunológico e diminuição do interesse em buscar parceiros sexuais.
As principais reações de um animal frente a um evento adverso é de lutar (enfrentamento), fugir ou congelar, assim como nos seres humanos. Essas reações são variáveis segundo a espécie, se é presa ou predador, ou, ainda, com a personalidade animal. Charles Darwin publicou em 1872 seu trabalho de trinta e quatro anos de pesquisa no livro A expressão das emoções no homem e nos animais, no qual chegou a duas conclusões principais: as emoções dos animais humanos e não-humanos são análogas e suas emoções básicas são semelhantes em várias espécies e culturas.
Isto é, existem as emoções básicas e as complexas, e estas estão relacionadas a vários fatores. O processamento emocional se dá por manifestações comportamentais, fisiológicas e cognitivas. Quem diz que um animal é traiçoeiro, por exemplo, é porque não tem conhecimento de linguagem não verbal. De uma maneira geral, o comportamento consiste em atitudes que o animal exibe e o comportamento é uma forma de comunicação do meio interior para o exterior.
O conjunto das respostas fisiológicas desencadeadas frente a um agente estressor é chamado de Síndrome Geral da Adaptação (SGA). Essa síndrome pode ser dividida em três estágios: fase de alarme, fase de adaptação e fase de exaustão ou esgotamento. A fase de alarme ocorre imediatamente após o perigo e há predominantemente uma resposta do sistema nervoso autônomo simpático, resultando na liberação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina).
Na fase de adaptação tem-se a liberação de glicocorticoides e a continuação das atividades do sistema nervoso autônomo. O estresse crônico provoca estimulação exagerada do simpático e predispõe à elevação de pressão arterial, diminuição de insulina, aumento do risco de diabete; no estômago, ocorre a diminuição da barreira de muco, desequilíbrio do sistema imunológico e diminuição da libido. A fase de exaustão é o período de falência orgânica.
Na cognição, temos a atuação do córtex pré-frontal para a interpretação da emoção. Existem polêmicas a respeito do processamento cognitivo emocional dos animais, mas sabe-se que os processos cognitivos e emocionais estão entrelaçados com relação à resolução de problemas, e animais estressados têm dificuldade de aprendizagem e execução de tarefas simples do cotidiano.